Exposição Bíblica: 1ª
Coríntios 10.1-13.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
OS PERIGOS DE UMA VIDA NÃO OBEDIENTE
Introdução:
Paulo após discorrer sobre o tema
dos direitos apostólicos e a liberdade cristã. Apresentando símiles singulares,
agora ele oferece exemplos específicos para fundamentar tudo o que tem ensinado
até o presente momento. Pois, os irmãos da igreja ainda continuavam ignorando
todo o ensino de Paulo, mantendo-se rebeldes para com a doutrina apostólica.
Então, procura apresentar aos seus ouvintes as consequências da desobediência
ao ensino do evangelho. E assim ele sumariza os perigos que uma vida não
obediente a Deus.
I – O PERIGO DA AUTOSSUFICIÊNCIA (VS.1-6).
Não existe algo mais terrível na
vida da igreja do que a autossuficiência. Paulo percebe na vida da igreja de
Corinto que seus membros, a despeito de toda exortação, continuavam não
aceitando a correção apostólica no que tange ao trato com os lideres
espirituais, bem como em relação ao irmão mais fraco.
Vs. 1 – aqui
neste verso o apóstolo procura mostrar a Igreja que ignorância deles os tem
levado para um caminho sem volta “Οὐ θέλω δὲ ὑμᾶς ἀγνοεῖν (1Co 10:1 BYZ)” (ou thelô dê hymas agnoein) – não desejo que continueis ignorando.
Não ignorando o que? Que a autossuficiência consiste em um grande perigo para
alma. Ele mostra isso apresentando os exemplos dos pais do povo do Antigo
Testamento. Ele apresenta as figuras do antigo Testamento para indicar a
autossuficiência de muitos crentes do AT.
vs.1b-4: que nossos pais estiveram todos sob a nuvem,
e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no
mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e
beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os
seguia. E a pedra era Cristo.
A figura da nuvem que aparece no
texto, refere-se a nuvem que seguia aos israelitas durante toda a peregrinação
no deserto, que os protegia sempre.(Êxodo 13.21 – “O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os
guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a
fim de que caminhassem de dia e de noite.)”. Estar sob a nuvem era estar
debaixo da proteção de Deus.
O segundo exemplo é a atravessia do
mar vermelho que todos nós conhecemos. Ele transpassar essas duas figuras como
sinais para o sacramento do batismo conforme vemos aqui: “tendo sido todos
batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés.
(1Co 10:2 ARA)” – ser batizado com respeito a Moisés aqui no texto
significa estar sob a liderança de Moisés. Tanto a nuvem quanto a atravessia do
Mar Vermelho apontam para a obra redentora de Deus que é simbolizada no
sacramento do Batismo.
O terceiro exemplo que Paulo cita é
o do Maná no deserto que era o alimento do povo do Antigo Testamento – nutrição
do povo pactual, o apóstolo aqui oferece uma significância espiritual deste
elemento que indica o sacramento da Santa Caia do Senhor “Todos eles comeram de um só manjar espiritual
(1Co 10:3 ARA)” – ou seja, o elemento da subsistência do povo no AT
era tipo daquela nutrição que os membros da igreja precisam para sua vida espiritual.
O ultimo exemplo é o da rocha ferida
de Meribá conforme lemos em Êxodo 17.6. Onde Paulo claramente indica que a
pedra era Cristo (1ª Coríntios 10.4). Estes são sinais da providência de Deus
no meio do povo, e por isso, muitos se julgam autosseguros diante de Deus,
porque viram o presenciaram a benevolência de Deus. Ou porque são membros da
igreja, batizados, alimentam-se de Cristo – mas suas vidas não são agradáveis
aos olhos do Senhor. Por isso Paulo alerta que Deus não se agradou de muitos
deles, e por essa razão muitos foram derrotados no deserto (1ª Coríntios 10.5);
e ainda o apóstolo exorta que tais exemplos servem para nós igreja de Cristo.
Estar filiado a Igreja mas negligenciar o evangelho é pedir a condenação sobre
a nossas cabeças (!ª Coríntios 10.6).
II – O PERIGO DA IDOLATIRA (VS. 7-10)
O segundo perigo de uma vida não
obediente a Deus é o da idolatria. Isto é percebido aqui neste trecho. Paulo
continua exortando a igreja de forma interessante, mais uma vez ele vale-se de
um episódio ocorrido no Antigo Testamento para mostrar a rebeldia dos
coríntios.
Paulo cita o caso do Bezerro de ouro
de Êxodo 32. Onde o povo fez um ídolo para substituir ao Deus do pacto, por
isso, Paulo exorta para que estes crentes neotestamentários não faça o mesmo
indo aos templos pagãos e fazer parte de tamanho ultraje, no que tange a
adoração dos ídolos e do uso de festivais de orgias e glutonarias (vs.7-8).
O outro exemplo, extraído do Antigo
Testamento é das murmuração dos israelitas no deserto; e o resultado que
tiveram foram as picadas das serpentes, este fato conforme nós sabemos
encontra-se registrado em Números 21.4-6. Notemos que a falta de paciência do
povo do pacto trouxe destruição sobre eles. Paulo exorta a igreja que não haja
de igual modo para com o senhor. (vs.9-10)
III – O PERIGO DE NÃO SER PACIENTE COM A
PROVIDÊNCIA DE DEUS. (VS.11-13)
11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram
escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos
têm chegado.
12 Aquele, pois, que
pensa estar em pé veja que não caia.
13 Não vos sobreveio
tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
Paulo
termina essa seção das Escrituras mostrando todas estas coisas foram postas
como exemplos e escritas para a advertência para a igreja, pois, não aprender a
confiar e ser paciente para com a providência de Deus pode acarretar juízos
divinos terríveis. (vs 11). Por isso, o apóstolo exorta aqueles se acham
seguros de mais (vs.12) recomendando-os a diligência no procedimento de vida. E
encorajando os crentes a saber que Deus nãos nos prova além de nossas forças,
porque no meio da provação ele providenciará
livramento a ponto de suportar toda e qualquer tentação ou provação (vs
13). Pois, é a providência de Deus quem nos matem de pé e não a nossa autossuficiência.