Exposição
Bíblica
Texto:
1ª Coríntios 9.
Pr. João Ricardo Ferreira de França.*
Introdução:
O apóstolo após discutir o tema da liberdade
cristã. Ele procura agora colocar em alto relevo aquilo que acabara de ensinar
– não fazer nada que venha a trazer escândalo no uso de sua liberdade, todavia,
aqui ele tenciona mostra a ingratidão e a falta de senso dos coríntios em
relação ao seu ministério.
I – OS DIREITOS APOSTÓLICOS VIOLADOS
[VS.1-12]
Paulo mesmo colocando as questões no
que tange a liberdade cristã como fizera no capítulo 8, ele encontra-se agora
com os seus direitos apostólicos violados. vejamos:
“Não sou eu, porventura, livre? Não sou
apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no
Senhor? Se não sou apóstolo para outrem, certamente, o sou para vós outros;
porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor”.(1ª Coríntios 9.1-2)
Paulo
assegura que restringe o uso de sua liberdade em favor da igreja. Todavia,
alguns dos falsos mestres que estavam inseridos na igreja alegavam ser Paulo um
falso apóstolo. O direito apostólico foi violado quando aqueles crentes
passaram a não aceitar a autoridade de Paulo.
O apóstolo ratifica seu apostolado
ao dizer “não vi Jesus, nosso Senhor?”
– uma testemunha ocular era o critério para exercer o apostolado, ainda que
Paulo não tenha convivido pessoalmente com o Senhor Jesus, o próprio Cristo lhe
apareceu por revelação pessoal ao apóstolo; no verso 2 deste texto Paulo
assegura que ainda que alguns injuriosos não lhe aceitassem como apóstolo ele
volta-se para igreja e diz: “certamente,
o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor”.
– se a igreja negava-se a aceitar a autoridade apostólica de Paulo estava
desfazendo-se a si mesma, uma vez que ela fora fundada pelos esforços
apostólicos de Paulo.
3 A minha defesa perante os que me
interpelam é esta: 4 não temos nós o direito de comer e beber? 5 E também o de fazer-nos acompanhar de uma
mulher irmã, como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 6
Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
(1Co 9:3-6 ARA)
Os
que questionavam a autoridade do apóstolo o privavam das questões mais
elementares da vida – como comer e beber [vs.3-4]; de igual modo, assim quando
a igreja procura não sustentar seus ministros ele se vê impossibilitado de
constituir família [vs 5] – aqui neste verso Paulo mostra que é honrado ao
ministro estar em matrimônio, embora ele não seja casado. Os demais apóstolos
bem como os irmãos do senhor tinham esse direito, mas a Paulo lhe era violado
tal direito. No verso 6 Paulo questiona por que somente ele e seu companheiro
Barnabé eram os únicos que deveriam trabalhar para se autossustentarem?
No verso 7: “7 Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e
não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite
do rebanho?” Paulo apresenta três ilustrações importantes para
conscientizar à igreja de seu tempo a sustentarem seus pastores:
1. A figura de
um soldado que vai a guerra: eles não vão a guerra a sua própria custa – eram
assalariados.
2. A figura de
um viticultor: ele planta na esperança de comer de seu próprio fruto.
3. A figura do
pecuarista: ele cuida de seu rebanho para usufruir do leite do mesmo.
Paulo reforça seu argumento
mostrando que a própria Lei assegura que a igreja deve valorizar o direito
apostólico / pastoral no que tange ao sustento. (vs.8-10); então, Paulo encerra
essa seção de forma interessante: “Se nós
vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens
materiais? Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em
maior medida? Entretanto, não usamos desse direito; antes, suportamos tudo,
para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo.”(vs.11-12).
Paulo mostra que tem semeado a palavra de Deus – o alimento espiritual para a
vida da igreja, e em troca disso, tem seus direitos violados, todavia, ele
procura não reclamar tal direito, para que não haja nenhum obstáculo ao
evangelho do Senhor Jesus Cristo.
II – O DEVER DA IGREJA EM RELAÇÃO AOS MINISTROS DA PALAVRA
( VS.13-15)
13 Não sabeis vós que os que prestam
serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do
altar tira o seu sustento?
14
Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do
evangelho;
15
eu, porém, não me tenho servido de nenhuma destas coisas e não escrevo isto
para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, antes que alguém
me anule esta glória.
(1Co 9:13-15 ARA)
Paulo agora procura apresentar o
dever da igreja em relação aos ministros do evangelho de Deus. Assim, vale-se
do modelo veterotestamentário para confirmar tal asseverativa. (vs.13). Os
sacerdotes do Antigo Testamento eram supridos mediante o trabalho sagrado que
prestavam no tabernáculo e no templo; no verso 14 Paulo assegura que é uma
ordem divina que aqueles que pregam o evangelho vivam do evangelho. Os
ministros da palavra são vocacionados por Deus para oferecer as boas novas de
redenção; e assim, a ordem de Deus para a igreja é: sustentem os ministros da
palavra.
Mas, o apóstolo Paulo abre mão de
seu direito em favor dos coríntios, demonstrando o amor que tem para com os
crentes daquela igreja; vale ressaltar que Paulo não toca nesta temática para
que no futuro a igreja passa a remunerá-lo, mas que a igreja compreenda o quão
tem sido injusta com aquele que se entregou ao ministério da Palavra para o bem
da alma destes irmãos.
III – A VOCAÇÃO PASTORAL ESTÁ ACIMA DOS
DIREITOS (VS.16-27)
O apóstolo Paulo não apenas abriu mão
de tais direitos, mas mostrou aos coríntios que o interesse dele era realmente
a proclamação do evangelho. E como o
apóstolo demonstra esse interesse? Como o apóstolo mostra-nos que não tem
interesse no dinheiro daquela igreja?:
1.
Reconhecendo ser sua obrigação pregar o evangelho (vs.16-18):
O apóstolo nos mostra que o simples
fato de pregar o evangelho não é motivo de gloriar-se, pois, é a obrigação do
apóstolo e dos pastores fazê-lo (vs.16); mas se ele faz sem o embaraço de
recebimento salarial, isto de livre vontade ele tenho um galardão (vs17a),
todavia, se realiza a tarefa da pregação mediante o constrangimento – pela
necessidade e ocasião, mesmo assim estaria cumprindo sua responsabilidade de
despenseiro (vs 17) ; mas é precisamente no ato espontaneidade tem o seu
galardão que é anuncair o evangelho de cristo aos homens, e que se para isso tiver que abrir mão de seu
direito salarial o fará. (vs.18).
2. No
sujeitar-se aos fracos para conquistar outros para o evangelho( vs.19-22):
Mesmos sabendo que ninguém exercia
autoridade sobre seu apostolado, exceto Deus,
Paulo anuncia que mesmo sendo livre, tornara-se escravo de todos com um
objetivo específico o de ganhar almas para Cristo (vs.19). E assim se sujeitou
a todos os tipos de pessoas para ganharem para o Senhor; agiu como Judeu quando
julgava necessário, com objetivo de salvar seus patrícios; ao que eram
observadores da lei Paulo fez o mesmo, embora não estejamos mais debaixo da lei
(vs.20) e o objetivo era alcançar estes tipos de pessoas pelo evangelho. E
vivendo de acordo com Lei em relação a Deus (vs.21); fez-se fraco para
ganhá-los e toda a sorte de pessoa para o evangelho de Cristo (vs.22).
3. Na
certeza que a vida Cristã exige esforço e renuncia (vs.23-27)
Paulo termina esta seção nos mostrando
que ele está disposto a fazer tudo para que o evangelho seja anunciado (vs 23);
e para imprimir estas verdades de forma vívida recorre ao símile da corrida
romana, onde apenas um chega a receber a coroa da vitória (vs.24-25) a figura
implicitamente nos fala de esforço e renúncia de muitas coisas para alcançarmos
a nossa vocação; então ele encerra exortando a igreja terem cuidado, pois,
assim como ele, que se esforça muito pelo evangelho deve inquirir se está na fé
ou não. (vs.26-27) para não ser reprovado na sua carreira cristã.
*
Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia
pelo Seminário Presbiteriano do Norte. [ SPN].
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