quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

OS PERIGOS DE UMA VIDA NÃO OBEDIENTE

Exposição Bíblica: 1ª Coríntios 10.1-13.
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
OS PERIGOS DE UMA VIDA NÃO OBEDIENTE
Introdução:
            Paulo após discorrer sobre o tema dos direitos apostólicos e a liberdade cristã. Apresentando símiles singulares, agora ele oferece exemplos específicos para fundamentar tudo o que tem ensinado até o presente momento. Pois, os irmãos da igreja ainda continuavam ignorando todo o ensino de Paulo, mantendo-se rebeldes para com a doutrina apostólica. Então, procura apresentar aos seus ouvintes as consequências da desobediência ao ensino do evangelho. E assim ele sumariza os perigos que uma vida não obediente a Deus.
I – O PERIGO DA AUTOSSUFICIÊNCIA (VS.1-6).
            Não existe algo mais terrível na vida da igreja do que a autossuficiência. Paulo percebe na vida da igreja de Corinto que seus membros, a despeito de toda exortação, continuavam não aceitando a correção apostólica no que tange ao trato com os lideres espirituais, bem como em relação ao irmão mais fraco.
Vs. 1 – aqui neste verso o apóstolo procura mostrar a Igreja que ignorância deles os tem levado para um caminho sem volta “Οὐ θέλω δὲ ὑμᾶς ἀγνοεῖν (1Co 10:1 BYZ)” (ou thelô dê hymas agnoein) – não desejo que continueis ignorando. Não ignorando o que? Que a autossuficiência consiste em um grande perigo para alma. Ele mostra isso apresentando os exemplos dos pais do povo do Antigo Testamento. Ele apresenta as figuras do antigo Testamento para indicar a autossuficiência de muitos crentes do AT.
vs.1b-4: que nossos pais estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar, tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. Todos eles comeram de um só manjar espiritual e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.
            A figura da nuvem que aparece no texto, refere-se a nuvem que seguia aos israelitas durante toda a peregrinação no deserto, que os protegia sempre.(Êxodo 13.21 – “O SENHOR ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os alumiar, a fim de que caminhassem de dia e de noite.)”. Estar sob a nuvem era estar debaixo da proteção de Deus.
            O segundo exemplo é a atravessia do mar vermelho que todos nós conhecemos. Ele transpassar essas duas figuras como sinais para o sacramento do batismo conforme vemos aqui: “tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com respeito a Moisés. (1Co 10:2 ARA)” – ser batizado com respeito a Moisés aqui no texto significa estar sob a liderança de Moisés. Tanto a nuvem quanto a atravessia do Mar Vermelho apontam para a obra redentora de Deus que é simbolizada no sacramento do Batismo.
            O terceiro exemplo que Paulo cita é o do Maná no deserto que era o alimento do povo do Antigo Testamento – nutrição do povo pactual, o apóstolo aqui oferece uma significância espiritual deste elemento que indica o sacramento da Santa Caia do Senhor “Todos eles comeram de um só manjar espiritual (1Co 10:3 ARA)” – ou seja, o elemento da subsistência do povo no AT era tipo daquela nutrição que os membros da igreja  precisam para sua vida espiritual.
            O ultimo exemplo é o da rocha ferida de Meribá conforme lemos em Êxodo 17.6. Onde Paulo claramente indica que a pedra era Cristo (1ª Coríntios 10.4). Estes são sinais da providência de Deus no meio do povo, e por isso, muitos se julgam autosseguros diante de Deus, porque viram o presenciaram a benevolência de Deus. Ou porque são membros da igreja, batizados, alimentam-se de Cristo – mas suas vidas não são agradáveis aos olhos do Senhor. Por isso Paulo alerta que Deus não se agradou de muitos deles, e por essa razão muitos foram derrotados no deserto (1ª Coríntios 10.5); e ainda o apóstolo exorta que tais exemplos servem para nós igreja de Cristo. Estar filiado a Igreja mas negligenciar o evangelho é pedir a condenação sobre a nossas cabeças (!ª Coríntios 10.6).
II – O PERIGO DA IDOLATIRA (VS. 7-10)
            O segundo perigo de uma vida não obediente a Deus é o da idolatria. Isto é percebido aqui neste trecho. Paulo continua exortando a igreja de forma interessante, mais uma vez ele vale-se de um episódio ocorrido no Antigo Testamento para mostrar a rebeldia dos coríntios.
            Paulo cita o caso do Bezerro de ouro de Êxodo 32. Onde o povo fez um ídolo para substituir ao Deus do pacto, por isso, Paulo exorta para que estes crentes neotestamentários não faça o mesmo indo aos templos pagãos e fazer parte de tamanho ultraje, no que tange a adoração dos ídolos e do uso de festivais de orgias e glutonarias (vs.7-8).
            O outro exemplo, extraído do Antigo Testamento é das murmuração dos israelitas no deserto; e o resultado que tiveram foram as picadas das serpentes, este fato conforme nós sabemos encontra-se registrado em Números 21.4-6. Notemos que a falta de paciência do povo do pacto trouxe destruição sobre eles. Paulo exorta a igreja que não haja de igual modo para com o senhor. (vs.9-10)
III – O PERIGO DE NÃO SER PACIENTE COM A PROVIDÊNCIA DE DEUS.  (VS.11-13)
11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado.
 12 Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.
 13 Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar.
            Paulo termina essa seção das Escrituras mostrando todas estas coisas foram postas como exemplos e escritas para a advertência para a igreja, pois, não aprender a confiar e ser paciente para com a providência de Deus pode acarretar juízos divinos terríveis. (vs 11). Por isso, o apóstolo exorta aqueles se acham seguros de mais (vs.12) recomendando-os a diligência no procedimento de vida. E encorajando os crentes a saber que Deus nãos nos prova além de nossas forças, porque no meio da provação ele providenciará  livramento a ponto de suportar toda e qualquer tentação ou provação (vs 13). Pois, é a providência de Deus quem nos matem de pé e não  a nossa autossuficiência.





sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Exposição Bíblica Texto: 1ª Coríntios 9.

Exposição Bíblica
Texto: 1ª Coríntios 9.
Pr. João Ricardo Ferreira de França.*
Introdução:
             O apóstolo após discutir o tema da liberdade cristã. Ele procura agora colocar em alto relevo aquilo que acabara de ensinar – não fazer nada que venha a trazer escândalo no uso de sua liberdade, todavia, aqui ele tenciona mostra a ingratidão e a falta de senso dos coríntios em relação ao seu ministério.
I – OS DIREITOS APOSTÓLICOS VIOLADOS [VS.1-12]
            Paulo mesmo colocando as questões no que tange a liberdade cristã como fizera no capítulo 8, ele encontra-se agora com os seus direitos apostólicos violados. vejamos:
“Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor? Se não sou apóstolo para outrem, certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor”.(1ª Coríntios 9.1-2)
            Paulo assegura que restringe o uso de sua liberdade em favor da igreja. Todavia, alguns dos falsos mestres que estavam inseridos na igreja alegavam ser Paulo um falso apóstolo. O direito apostólico foi violado quando aqueles crentes passaram a não aceitar a autoridade de Paulo.
            O apóstolo ratifica seu apostolado ao dizer “não vi Jesus, nosso Senhor?” – uma testemunha ocular era o critério para exercer o apostolado, ainda que Paulo não tenha convivido pessoalmente com o Senhor Jesus, o próprio Cristo lhe apareceu por revelação pessoal ao apóstolo; no verso 2 deste texto Paulo assegura que ainda que alguns injuriosos não lhe aceitassem como apóstolo ele volta-se para igreja e diz: “certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor”. – se a igreja negava-se a aceitar a autoridade apostólica de Paulo estava desfazendo-se a si mesma, uma vez que ela fora fundada pelos esforços apostólicos de Paulo.
3 A minha defesa perante os que me interpelam é esta: 4 não temos nós o direito de comer e beber?  5 E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã, como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 6 Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar?
 (1Co 9:3-6 ARA)
            Os  que questionavam a autoridade do apóstolo o privavam das questões mais elementares da vida – como comer e beber [vs.3-4]; de igual modo, assim quando a igreja procura não sustentar seus ministros ele se vê impossibilitado de constituir família [vs 5] – aqui neste verso Paulo mostra que é honrado ao ministro estar em matrimônio, embora ele não seja casado. Os demais apóstolos bem como os irmãos do senhor tinham esse direito, mas a Paulo lhe era violado tal direito. No verso 6 Paulo questiona por que somente ele e seu companheiro Barnabé eram os únicos que deveriam trabalhar para se autossustentarem?
            No verso 7: “7 Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho?” Paulo apresenta três ilustrações importantes para conscientizar à igreja de seu tempo a sustentarem seus pastores:
1. A figura de um soldado que vai a guerra: eles não vão a guerra a sua própria custa – eram assalariados.
2. A figura de um viticultor: ele planta na esperança de comer de seu próprio fruto.
3. A figura do pecuarista: ele cuida de seu rebanho para usufruir do leite do mesmo.
            Paulo reforça seu argumento mostrando que a própria Lei assegura que a igreja deve valorizar o direito apostólico / pastoral no que tange ao sustento. (vs.8-10); então, Paulo encerra essa seção de forma interessante: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em maior medida? Entretanto, não usamos desse direito; antes, suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de Cristo.”(vs.11-12). Paulo mostra que tem semeado a palavra de Deus – o alimento espiritual para a vida da igreja, e em troca disso, tem seus direitos violados, todavia, ele procura não reclamar tal direito, para que não haja nenhum obstáculo ao evangelho do Senhor Jesus Cristo.
II – O DEVER  DA IGREJA EM RELAÇÃO AOS MINISTROS DA PALAVRA ( VS.13-15)
13 Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento?
 14 Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho;
 15 eu, porém, não me tenho servido de nenhuma destas coisas e não escrevo isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, antes que alguém me anule esta glória.
 (1Co 9:13-15 ARA)
            Paulo agora procura apresentar o dever da igreja em relação aos ministros do evangelho de Deus. Assim, vale-se do modelo veterotestamentário para confirmar tal asseverativa. (vs.13). Os sacerdotes do Antigo Testamento eram supridos mediante o trabalho sagrado que prestavam no tabernáculo e no templo; no verso 14 Paulo assegura que é uma ordem divina que aqueles que pregam o evangelho vivam do evangelho. Os ministros da palavra são vocacionados por Deus para oferecer as boas novas de redenção; e assim, a ordem de Deus para a igreja é: sustentem os ministros da palavra.
            Mas, o apóstolo Paulo abre mão de seu direito em favor dos coríntios, demonstrando o amor que tem para com os crentes daquela igreja; vale ressaltar que Paulo não toca nesta temática para que no futuro a igreja passa a remunerá-lo, mas que a igreja compreenda o quão tem sido injusta com aquele que se entregou ao ministério da Palavra para o bem da alma destes irmãos.
III – A VOCAÇÃO PASTORAL ESTÁ ACIMA DOS DIREITOS (VS.16-27)
            O apóstolo Paulo não apenas abriu mão de tais direitos, mas mostrou aos coríntios que o interesse dele era realmente a proclamação do evangelho.  E como o apóstolo demonstra esse interesse? Como o apóstolo mostra-nos que não tem interesse no dinheiro daquela igreja?:
1. Reconhecendo ser sua obrigação pregar o evangelho (vs.16-18):
            O apóstolo nos mostra que o simples fato de pregar o evangelho não é motivo de gloriar-se, pois, é a obrigação do apóstolo e dos pastores fazê-lo (vs.16); mas se ele faz sem o embaraço de recebimento salarial, isto de livre vontade ele tenho um galardão (vs17a), todavia, se realiza a tarefa da pregação mediante o constrangimento – pela necessidade e ocasião, mesmo assim estaria cumprindo sua responsabilidade de despenseiro (vs 17) ; mas é precisamente no ato espontaneidade tem o seu galardão que é anuncair o evangelho de cristo aos homens,  e que se para isso tiver que abrir mão de seu direito salarial o fará. (vs.18).
2. No sujeitar-se aos fracos para conquistar outros para o evangelho( vs.19-22):
            Mesmos sabendo que ninguém exercia autoridade sobre seu apostolado, exceto Deus,  Paulo anuncia que mesmo sendo livre, tornara-se escravo de todos com um objetivo específico o de ganhar almas para Cristo (vs.19). E assim se sujeitou a todos os tipos de pessoas para ganharem para o Senhor; agiu como Judeu quando julgava necessário, com objetivo de salvar seus patrícios; ao que eram observadores da lei Paulo fez o mesmo, embora não estejamos mais debaixo da lei (vs.20) e o objetivo era alcançar estes tipos de pessoas pelo evangelho. E vivendo de acordo com Lei em relação a Deus (vs.21); fez-se fraco para ganhá-los e toda a sorte de pessoa para o evangelho de Cristo (vs.22).
3. Na certeza que a vida Cristã exige esforço e renuncia (vs.23-27)
            Paulo termina esta seção nos mostrando que ele está disposto a fazer tudo para que o evangelho seja anunciado (vs 23); e para imprimir estas verdades de forma vívida recorre ao símile da corrida romana, onde apenas um chega a receber a coroa da vitória (vs.24-25) a figura implicitamente nos fala de esforço e renúncia de muitas coisas para alcançarmos a nossa vocação; então ele encerra exortando a igreja terem cuidado, pois, assim como ele, que se esforça muito pelo evangelho deve inquirir se está na fé ou não. (vs.26-27) para não ser reprovado na sua carreira cristã.



* Ministro da Palavra pela Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte. [ SPN].

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Exposição Bíblica: 1ª Coríntios 8.1-13.

SERMÃO PREGADO NA IGREJA PRESBITERIANA DE TODOS OS SANTOS
Exposição Bíblica: 1ª Coríntios 8.1-13.
A LIBERDADE CRISTÃ
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
Introdução:
            Paulo, após mostrar a virtude do matrimônio e a benção de estar solteiro, retoma o tema da liberdade cristã que iniciara no capítulo 6.12-13; aqui ele retoma este tema para fincar de vez as bases de uma verdadeira liberdade cristã.
            E porque o apóstolo procura discorrer sobre tema? A resposta é simples, ao que parece alguns irmãos da igreja de Corinto achavam que com essa liberdade poderiam fazer o que quisessem a ponto de ferir a consciência alheia! Paulo escreve este texto em tônica de advertência e orientação para a igreja de seu tempo. O apóstolo sagrado alerta para os perigos dessa falta de compreensão. Mostrando-nos que:
I –  O CONHECIMENTO PODE GERAR ORGULHO ESPIRITUAL (vs. 1-3):
No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica. 2 Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber. 3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele.  ”
            Aqui Paulo relembra aos seus leitores que todos os homens tem conhecimento. Na sociedade da época havia a prática de que os grandes centros de culto pagãos realizarem sacrifícios com animais, e a carne que sobrava era vendida no mercado; os membros da igreja tinham dificuldade em assimilar esta questão, e perguntavam se era legitimo os crentes comerem carne sacrificada a ídolos?
            Havia alguns irmãos que diziam que sim, mas aproveitavam desta liberdade cristã, para ir aos centros de celebração pagã apenas com a finalidade de pegar estas carnes; mas ao mesmo tempo em que assim agiam mostravam insensibilidade para com os irmãos fracos na fé.
            Esse conhecimento, de saber que podiam comer da carne sacrificadas aos ídolos, estava gerando crentes arrogantes, orgulhosos, que faziam as coisas sem amor – então, Paulo repreende: “O saber ensoberbece, mas o amor edifica.” no grego “Ἡ γνῶσις “ [He gnosis] significa conhecimento que deve levar a uma prática, mas neste caso aqui leva a uma atitude contrária a vida do cristão – o orgulho. A soberba se dá quando buscamos o conhecimento pelo conhecimento. Calvino nos lembra “não admira de eu dizer que maldito, pois, seja o conhecimento que produz seres arrogantes e insensíveis ao bem-estar de outras Pessoas”.
            Era precisamente isto que estava ocorrendo em Coríntios, alguns irmão tinha o conhecimento aguçado da liberdade cristã, mas estavam esquecendo do irmão mais fraco na fé. Paulo exorta de forma pastoral dizendo que o conhecimento pode gerar orgulho, mas é o amor que edifica.
            O amor edifica: o que isto significa? Que o amor me leva a preocupar-me com a vida espiritual do meu irmão. Um conhecimento fora da esfera do amor, gera orgulho e soberba, a ponto de ferir a consciência alheia. Quando o temor a Deus e o amor estão ausentes na vida do homem – o seu conhecimento leva-o a soberba desmedida.
            vs. 2  - “. 2 Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não aprendeu ainda como convém saber.” Paulo enfatiza isso aqui para mostrar-nos que se o nosso conhecimento nos leva a soberba, na verdade não aprendemos adequadamente isto porque o amor ficou ausente de nós.
            Vs 3 – o verdadeiro conhecimento é reflexo do nosso amor para com Deus, e se amarmos a Deus certamente amaremos o nosso próximo.
II - O CONHECIMENTO CERTO APLICADO DE MODO ERRADO (vs.4-6)
4 No tocante à comida sacrificada a ídolos, sabemos que o ídolo, de si mesmo, nada é no mundo e que não há senão um só Deus.  5 Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores,  6 todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.
            Paulo agora retoma a questão que iniciara este capítulo revelando que o ídolo em si não nada, é algo inútil e vão. Paulo havia condenado o conhecimento que é desdenhoso, aquele que não é temperado com amor; por isso, aqui ele mostra o argumento dos coríntios que julgavam-se maduros de mais para lidar com a questão da comida sacrificada aos ídolos. Paulo concorda com eles, ao afirmar de fato a nulidade dos ídolos é perceptível. Que a igreja tem um único Deus que é  soberano sobre todas as coisas, e que nos criou para sermos dele em nossa existência. Mas também mostrando-nos que Cristo é senhor sobre tudo onde tudo é possessão dele – cosmo e nós mesmos! Ou seja, a idolatria é uma pura perca de tempo, quer seja no ato de culto, quer seja nas carnes que são vendidas no mercado.
            È certo que o ídolo é vão assegura Paulo, mas vale-se disso para ferir a consciência de um irmão, no comer a carne sacrificada aos ídolos era como que ter o conhecimento certo, mas colocá-lo, na prática de modo errado. E Paulo explica isso nos versos  seguintes:
III – OS RESULTADOS NOCIVOS DE UM CONHECIMENTO NÃO NUTRIDOS PELO AMOR (vs.7-13):
7 Entretanto, não há esse conhecimento em todos; porque alguns, por efeito da familiaridade até agora com o ídolo, ainda comem dessas coisas como a ele sacrificadas; e a consciência destes, por ser fraca, vem a contaminar-se. 8 Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos.  9 Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos. 10 Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos?  11 E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.  12 E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais.  13 E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.
            No verso 7 – Paulo repreende aos que tem conhecimento dizendo-lhes: olhem nem todos tem esse conhecimento que você tem. Pois, alguns membros da igreja nutriam ações supersticiosas referentes aos ídolos. Um exemplo que podemos ilustrar isso é que no período  da páscoa [celebrada pelo romanismo] os cristãos se privam de comer carne vermelha, por mera supertição; outro exemplo é o comer um bom e saboroso sarapatel, porque muitos julgam ser pecado.
            Paulo exorta aos crentes que são realmente maduros na fé a agir com maturidade frente a este problema. Paulo diz: “não busquem seus próprios interesses, mas sempre os de seu irmão que é fraco na fé”. Nas palavras paulinas fica implícito que esta ignorância dos crentes era compreensiva, uma vez que ninguém lhes havia partilhado o verdadeiro ensino e conhecimento nutridos de amor. Pois, privados do verdadeiro conhecimento que leva à liberdade cristã a mente daqueles crentes tornara-se fraca, porque os sábios e entendidos se omitiram de ensinar-lhes, em amor, o verdadeiro ensino.
8 Não é a comida que nos recomendará a Deus, pois nada perderemos, se não comermos, e nada ganharemos, se comermos.
            Aqui neste verso Paulo mostra-nos que a comida ou bebida em si mesmas não nos torna mais aceitáveis ou menos aceitáveis diante de Deus. Nós pensamos deste modo. Achamos, por exemplo, que apenas uma música evangélica deve ser tocada em nosso aparelho de som! Achamos que devemos colocar na santa ceia o suco de uva, porque o vinho é pecaminoso e não nos recomenda perante Deus! Que a roupa adequada que nos recomendará diante de Deus são as mais longas possíveis!
            De maneira clara e cristalina Paulo diz que isso em si nada é, não são essas coisas que vão ser o termômetro de nossa espiritualidade cristã. Mas, embora isso não seja nada Paulo ordena a prudência com a liberdade cristã:
  9 Vede, porém, que esta vossa liberdade não venha, de algum modo, a ser tropeço para os fracos. 10 Porque, se alguém te vir a ti, que és dotado de saber, à mesa, em templo de ídolo, não será a consciência do que é fraco induzida a participar de comidas sacrificadas a ídolos? 
            O amor que edifica procurará de forma clara a não ser um tropeço na vida daqueles que são fracos na fé. O verso 10 revela que os Coríntios estavam frequentando as festas dos templos pagãos para comer e beber. Ou seja, eles estavam, com o seu testemunho de vida, fazendo com que os fracos na fé ajam de forma contrária a consciência deles.
11 E assim, por causa do teu saber, perece o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu.  12 E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais.  13 E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá-lo.
            O conhecimento é uma benção. Mas o que me aproveita ele se, por causa deste mesmo saber,  meu irmão perecer? Paulo agora exorta aos crentes tidos como maduros em Corinto a refletirem sobre o conhecimento que carregam. Ora, se eu sei que não é pecado algum comer um bom sarapatel, uma galinha cabidela, ou mesmo tomar vinho, cerveja , mas simplesmente prático estas coisas, sem instruí os irmãos fracos na fé, estou fazendo perecer o irmão pelo qual Cristo deu a vida.
            E não somente isso eu estou pecando contra os irmãos, ferindo-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que estamos pecando. Por isso, Paulo termina de forma resignada: se alguma coisa que faço leva o meu irmão ao escândalo, então me privo de fazer aquilo para que não seja transgressor da lei de Deus.